BEEF, VAZIO EXISTENCIAL E ANGÚSTIA
Ontem, num sábado de aleluia de chuvas torrenciais, assisti em um ímpeto a todos os episódios da série nova da Netflix, Beef. Os protagonistas sofrem de um vazio existencial que os engole e ao mesmo tempo despejam sua raiva no mundo e nos outros como forma de enfrentá-lo. A série é o máximo e fiquei obcecada. Lembrei de um texto que tinha escrito ano passado e vou reproduzi-lo aqui:
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30.11.22
Nasci com um buraco no peito.
Esse buraco calhou-se chamar de angústia ou vazio existencial.
Alguns o enxergam como o medo do desconhecido, outros como próprio da condição humana.
Como tapá-lo?
Tentam preenche-lo com promessas de belos reinos nos céus.
Também há quem procure fugir do buraco: "se eu fingir que ele não existe, talvez se feche espontaneamente".
Ainda existem os que tentam explodi-lo com autodestruição, essa companheira tão humana.
Eu? Deixo ele lá quietinho.
E, ás vezes, num dia em que descubro o ninho de um sabiá, ou quando sento na beira da praia e observo as ondas da maré cheia batendo contra as pedras se desfazendo em mil gotículas, ou ainda quando escuto uma música que penetra todas as células do meu ser com sua sonoridade e, principalmente, quando abraço forte e troco afetos com aqueles que amo... um sentimento indescritível me inunda.
Nesses dias o buraco fecha um pouquinho e o mundo todo parece fazer sentido e sinto-me parte dele.
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